segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Francisco de Assis - Encontro com Jesus - O valor de cada um

Francisco de Assis (In O Irmão de Assis - Inácio Larrañaga)
                Meu Senhor, eu me arrastarei, de joelhos, até os Teus pés, sentar-me-ei à Tua sombra, e cobrirei com as mãos a minha nudez. Tomarás as minhas mãos  nas Tuas, levantar-me-ás, abraçar-me-ás e dirás:  És filho de meu amor e sombra de minha substância. Beijar-me-ás na testa, e colocarás uma grinalda no meu pescoço. Porás um anel de ouro no meu anular e uma roupa de príncipe sobre minha nudez.
                Dir-me-ás: Meu filho, olha para os meus olhos. Olharei, e lá longe, acima das últimas ladeiras de Teu coração, verei escrito o meu nome.
                E eu te direi: Deixa-me entrar nesse mar. E Tu me dirás: Entra. Avançarei mar adentro, e ali perder-me-ei, e perderei a cabeça, e sonharei.
                Não ficas com vergonha de ter-me por filho? perguntarei. E me responderás: Não viste o teu nome escrito no recanto mais florido? Encostarás tua face na minha e me dirás: Pelos espaços siderais não há outro, és o único.
                Meu Senhor, é verdade que sonhaste comigo antes que o orvalho aparecesse na madrugada? É verdade que Teus pés caminharam por séculos e por mundos, atrás de minha sombra fugitiva? Diz-me,  é verdade que quando me encontraste o céu se desmanchou em canções? É verdade que quando fecho os olhos e me entrego nos braços do sono, Tu ficas ao meu lado, velando o meu descanso?
                Que tenho para te dar? perguntarei. Dar compete a mim, tu só tens que receber, responderás. Por que não falas? perguntarei. O silêncio é a linguagem do amor, responderás.
                Esta noite chegarei à Tua casa. Far-me-ás deitar em um leito de flores. Encostarás as janelas para que a lua não me dê nos olhos. Dir-te-ei: Venho de longe, sou um menino cansado e ferido, e estou com sono. Com mãos de mãe tocarás os meus olhos e dirás: dorme. E eu me perderei no mar...

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